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Contribuir para a mobilidade do idoso é contribuir para a sua qualidade de vida


O envelhecimento acarreta muitas mudanças no corpo do ser humano e a diminuição da mobilidade é uma das que causa grande impacto nas atividades do dia-a-dia. Se antes o idoso era capaz de calçar os sapatos em um minuto, hoje demora cinco; se antes subia e descia as escadas para o quarto inúmeras vezes durante o dia, hoje apenas o faz à noite, para ir dormir, e de manhã, depois de se levantar da cama; se antes era capaz de se baixar para procurar a moeda que caiu e rolou para debaixo do móvel, hoje prefere deixá-la a sentir a dor de costas ao procurá-la.

O envelhecimento é um processo natural que decorre gradualmente, havendo, portanto, tempo para nos adaptarmos às mudanças. À medida que envelhecemos, a regeneração dos tecidos que compõem o nosso corpo (mais especificamente o sistema locomotor*) simplesmente não acontece com a mesma rapidez que acontecia quando éramos mais jovens e isso – a par com o desgaste de uso que acontece naturalmente nas estruturas do corpo, as posturas incorretas que foram adoptadas sistematicamente e as lesões mal curadas que se acumularam ao longo do tempo – contribui para a redução da mobilidade que se sente em idades avançadas. Há também que considerar doenças crónicas, como a artrite reumatóide ou a gota, que acabam por condicionar grandemente a mobilidade de quem vive com elas. Nesta publicação apenas abordaremos o caso geral.

A diminuição da mobilidade pode acontecer por múltiplos fatores e muitas vezes é determinada por dor associada a rigidez articular e muscular. Os músculos assumem o papel central de motor do movimento e na pessoa idosa esse motor encontra-se fragilizado pelos anos de utilização, pela tensão que não foi devidamente libertada e pelas contraturas dolorosas dela resultantes, pela diminuição da irrigação sanguínea que nutre o tecido muscular e pelas micro e macro lesões que foram ocorrendo ao longo dos anos. O músculo do idoso é menos elástico e, portanto, é mais susceptível a roturas mesmo durante a realização de tarefas comuns da rotina diária. Sem dúvida que manter o vigor e a elasticidade dos músculos é fundamental para minimizar os efeitos do envelhecimento sobre o sistema locomotor, prevenir lesões e melhorar a qualidade de vida do idoso.

A massagem e a atividade física trabalham lado-a-lado no que respeita à promoção da mobilidade, da saúde e do bem-estar do idoso. Para além do efeito mecânico que a massagem produz através da mobilização dos tecidos moles, libertando tensões e contraturas nas fibras musculares e estimulando a circulação sanguínea local e o sistema nervoso, existem também os efeitos psicológicos e emocionais do toque. O conforto que a massagem traz para as pessoas mais velhas contribui para a sua saúde mental e emocional, especialmente porque trata-se muitas vezes de uma população carente de toque humano.

O ser humano é uma criatura que necessita de contacto físico para se desenvolver com saúde e essa necessidade está presente desde o momento do nascimento, quando o filho é suportado pelos braços da mãe durante a amamentação, até aos últimos dias de vida, quando o idoso é ajudado pelo jovem a atravessar a estrada.

O contacto consciente das mãos sobre o corpo, com o propósito de trazer saúde e bem-estar, estimula positivamente a mente de quem o recebe e ativa vias de comunicação inatas ao ser humano. A ligação entre a mente e o corpo faz-se nos dois sentidos, em que as partes influenciam-se reciprocamente, pelo que se uma mente tensa e doente pode resultar num corpo rígido e dolorido, também um corpo relaxado e flexível pode induzir a uma mente tranquila e lúcida.

Toda a atividade, num momento ou noutro, provoca algum tipo de lesão, seja a um nível macro ou micro. A massagem, para além de relaxar física e mentalmente, ajuda a manter a pele, os músculos, os tendões e os ligamentos mais flexíveis e menos propensos a lesões a médio e longo prazos. O aumento da circulação sanguínea na zona massajada significa que os tecidos afetados recebem mais nutrientes (incluindo os elementos necessários à sua regeneração) e, portanto, têm a sua recuperação facilitada.

O alívio de dores musculares e articulares é outro dos benefícios da massagem. A pessoa idosa sem dor consegue mais facilmente adoptar e manter posturas corretas que lhe conferem maior estabilidade para realizar movimentos que, de outro modo, são desaconselhados e podem originar lesão. A qualidade do sono também melhora num corpo e numa mente relaxados.

A massagem pode e deve ser utilizada para melhorar a qualidade de vida das pessoas mais velhas. A prospectiva de poder passar os dias sentindo mais vigor e menos dores, com o corpo mais relaxado e a mente mais tranquila, após noites bem dormidas, é certamente atrativa. A massagem no idoso é uma boa forma de atenuar os efeitos físicos do envelhecimento e melhorar a auto-confiança de quem a recebe.

Nota *o sistema locomotor é essencialmente composto pelo esqueleto, que confere suporte, e pelos músculos, que produzem movimento

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