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OÁSIS SAÚDE

O efeito da massagem infantil no vínculo afetivo entre mãe e filho (parte 2 de 3)


Num estudo realizado por Ayşe Gürol e Sevinç Polat, publicado em 2012 na revista científica Asian Nursing Research, o objetivo foi analisar o efeito que a massagem infantil exerce na construção do vínculo materno. Tratou-se de uma abordagem quasi-experimental* realizada entre Junho de 2008 e Fevereiro de 2010, na Turquia, em que todas as participantes eram mães de primeira viagem, cujos bebés nasceram por via vaginal.

Um dos instrumentos utilizados na recolha de dados foi o MAI**. A base conceptual do MAI assenta na teoria de que os recém-nascidos exibem determinados comportamentos inatos cuja finalidade é atrair o ser humano adulto para perto de si, despertando-lhe o instinto protetor. A proximidade do cuidador gera no bebé sentimentos de segurança e gratificação, e constitui o ponto de partida para o estabelecimento de relacionamentos futuros.

O MAI mede a força do vínculo materno, ou seja, a intensidade do relacionamento afetivo único entre mãe e filho no momento da observação. Anteriormente à existência do MAI, o vínculo materno era medido com base na observação das frequências e padrões de comportamento manifestados pela mãe junto do filho. Porém, realizar esse tipo de observação pode ser bastante moroso e de difícil aplicação em contexto clínico. Além disso, não há ainda um consenso quanto aos comportamentos que evidenciam, inequivocamente, a existência de vínculo materno. Ao proporcionar uma medição mais direta, o MAI permite contornar alguns desses obstáculos e evitar ambiguidades. Muito embora os sentimentos de cada mãe em relação ao seu filho não são suficientes para definir a complexidade do elo mãe-filho, acredita-se que eles podem ser um bom indicador da existência e do grau de vínculo materno.

O MAI é constituído por 26 itens representativos de atividades e sentimentos maternos que indicam afeto pelo bebé. Cada item é avaliado numa escala de Likert*** com afirmações diretas. As respostas a cada afirmação podem ser as seguintes: “quase sempre” (4 pontos), “frequentemente” (3 pontos), “por vezes” (2 pontos) e “quase nunca” (1 ponto). Quanto maior é o resultado do somatório de todos os pontos, tanto maior é a intensidade do vínculo materno. O maior valor possível é 104 e o menor é 26.

As mães que participaram no estudo que Ayşe Gürol e Sevinç Polat realizaram foram distribuídas por dois grupos: o grupo experimental (mães que fizeram massagem aos seus filhos) e o grupo de controle (mães que não fizeram massagem aos seus filhos). Os dados de pré-teste (antes da implementação do programa de massagem infantil) foram recolhidos quando as mães ainda se encontravam no hospital e os dados de pós-teste foram recolhidos cerca de um mês depois, quando as mães já se encontravam em casa. No final do estudo, toda a informação sobre massagem infantil que foi dada às mães do grupo experimental foi igualmente dada às mães do grupo de controle.

O grupo experimental recebeu treino e material de apoio sobre massagem infantil. As mães foram informadas acerca dos benefícios da massagem, da duração das sessões, das zonas do corpo mais sensíveis e das técnicas a utilizar. As técnicas empregues combinavam deslizamentos e amassamentos suaves no rosto, no pescoço, nos ombros, nos braços, no peito, nas costas e nas pernas do bebé. As mães foram aconselhadas a escolher um momento em que ela e a criança estivessem tranquilas e relaxadas para administrar a massagem. Os bebés receberam 15 minutos de massagem por dia durante aproximadamente um mês. Apenas as mães que demonstraram uma correta execução técnica da massagem foram consideradas nos resultados do estudo.

O tratamento estatístico dos dados recolhidos mostrou que as características demográficas (idade, formação académica, género do bebé, etc.) dos grupos eram semelhantes. Da mesma maneira, os valores médios do MAI obtidos no momento de pré-teste para ambos os grupos não diferiram significativamente. Já no pós-teste, houve um aumento significativo desse valor nos dois grupos, no entanto esse aumento foi consideravelmente mais acentuado no grupo experimental.

A idade relativamente jovem das mães, mais o facto de serem as cuidadoras principais dos seus primeiros filhos, se, por um lado, poderá ter contribuído para o cumprimento rigoroso do plano de massagem infantil (grupo experimental), também poderá, por outro lado, explicar o pequeno incremento em termos de comportamentos associados à construção do vínculo materno observado nas mães que compuseram o grupo de controle. Não obstante, é naturalmente esperado que o vínculo materno se torne mais forte com o passar do tempo. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi analisar de que maneira a massagem infantil influencia a ligação afetiva entre mãe e bebé e os resultados obtidos vieram confirmar a hipótese de que a massagem fortalece o vínculo materno.

 

Notas *num estudo quase-experimental a amostragem não é aleatória **do inglês Maternal Attachment Inventory ***uma escala de Likert exprime o grau de concordância do entrevistado com uma dada afirmação

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